Cientistas da UFRJ realizaram pesquisa em parceria com professores estrangeiros sobre a crescente emissão de CO2
O estudo faz a análise comparativa sobre como o clima e as características familiares, incluindo renda, impulsionam a adoção de equipamentos de climatização em quatro nações emergentes: Brasil, Índia, Indonésia e México.
Conforme a pesquisa, a aquisição de aparelhos aumentará nesses países nos próximos 20 anos, levando mais da metade das pessoas a terem o aparelho. Assim, 85% das famílias brasileiras terão ar-condicionado em 2040, sendo 61% na Indonésia e 69% na Índia.
Esses índices resultarão em consumo maior de eletricidade, que triplicará na Índia e na Indonésia e quase vai dobrar no Brasil e no México.
A demanda por grandes quantidades extras de energia para alimentar os novos aparelhos terá como consequência emissões adicionais de gás carbônico, gerando um círculo vicioso, de acordo com o relatório.
Segundo os resultados do estudo, até 2040, entre 64 e 100 milhões de famílias, nos quatro países, serão incapazes de atender às suas necessidades de refrigeração-ambiente. Assim ficarão em situação de potencial desconforto térmico.
Isso será marcante em locais com altos níveis de urbanização, climas quentes e úmidos e de vulnerabilidade socioeconômica.
Estudo Prevê Vulnerabilidade à Famílias de Baixa Renda
Conforme Roberto Schaeffer, professor da Coppe/UFRJ, que participou do estudo, aumentar o uso de eletricidade para o resfriamento de ambientes residenciais é uma forma de adaptação que ajuda as pessoas a aliviar o estresse causado pelo calor.
Ele afirma que os gastos com eletricidade vão limitar as oportunidades entre as famílias de renda mais baixa.
Leia também:
Emissões de CO2 e Setor de Refrigeração
O professor argumenta que mesmo aquelas com ar-condicionado estarão expostas à nova condição de vulnerabilidade pela escassez de fornecimento no setor de energia, como a recente experiência canadense, ou degradação da qualidade de suprimento de energia.
Quem Realizou o Estudo?
Financiado pela Agência Executiva do Conselho Europeu de Investigação, foi coordenado por Enrica De Cian – professora da Universidade de Veneza (Itália) e cientista do Centro Euro-Mediterrânico de Mudanças Climáticas. Foi publicado em dezembro de 2021, na Nature Communications.
Contou com a participação dos professores André Lucena, Paula Borges da Silveira Bezerra, Roberto Schaeffer e Talita Borges Cruz, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ); Filippo Pavanello, da Universidade de Bolonha (Itália); Marinella Davide, da Universidade Harvard (Estados Unidos); Malcolm Mistry, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (Reino Unido); Dattakiran Jagu, do Centro Euro-Mediterrânico de Mudanças Climáticas; e Sebastian Renner, do Instituto Alemão de Estudos Globais e de Área (Giga, na sigla em inglês).
Redação WebArCondicionado
Deixe seu Comentário