* Atualizado em 06/03/2019
Não é preciso trabalhar em nosso setor para notar que a força de trabalho na indústria de ar condicionado, refrigeração, ventilação e aquecimento é formada em sua maioria por homens. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos as mulheres não chegam a representar nem 2% da mão de obra do setor por lá, e no Brasil não há nenhuma pesquisa focada em responder isso, mas acreditamos que essa estatística não deve variar muito.
Apesar dos números ainda serem baixos em relação à participação feminina no setor, cada vez mais elas estão se tornando instaladoras, projetistas, empresárias e especialistas no assunto, assumindo papeis de liderança e provando que não é o gênero, seja masculino ou feminino, que influencia na competência de exercer suas habilidades.
Pensando nessa temática e no Dia da Mulher, o WebAr entrevistou 7 mulheres que estão mandando ver no setor. Ficou curioso em saber quem são e o que elas fazem? Confira abaixo as diferentes histórias de quem está movimentando o segmento de climatização!
Laura de Vooght Mendez Figueiredo
A imagem que as pessoas normalmente têm de um técnico que instala equipamentos pesados como aparelhos de ar condicionado é a de um homem e sua caixa de ferramentas. Daí a surpresa de um casal de clientes quando viu duas mulheres descarregando o carro sozinhas e começando a se preparar para instalar o aparelho na parede. A esposa questionou as instaladoras, disse que isso não era serviço para mulher. Já o marido pediu que as duas chamassem outra pessoa, no caso um homem.
Isso aconteceu com Laura, que há dois anos encabeça a Laura Ar Condicionado, saindo para a rua e colocando equipamentos como esse para funcionar. A técnica e empresária quer crescer no seu estado, o Mato Grosso do Sul, mas reclama que por lá não chegam muitos cursos e treinamentos. Quando quer se especializar, ela tem que viajar e ir assistir aulas em São Paulo, por exemplo. No entanto, isso não a impediu de sair e colocar a mão nas ferramentas, mesmo abaixo das altas temperaturas da sua região – que chegam a 43ºC. Laura faz instalação, conserto e manutenção de ar-condicionado, e conta que o preconceito por ela ser uma mulher não é incomum. Ela não conhece outras mulheres fora da sua empresa que trabalham nessa função, e diz que já teve de demitir funcionários homens que não acatavam suas ordens.
Ela relata que frequentou cursos do ramo em que era a única mulher na sala de aula, e que, inclusive, já questionaram se ela não tinha entrado na sala errada. Por isso ela está sempre se esforçando para demonstrar competência e conhecimento na área. Apesar das adversidades, Laura diz que trata todos os clientes com atenção e carinho, porque ama o que faz e investe em continuar se especializando nisso. “Sinto-me incentivada, quero crescer no setor e seguir me profissionalizando no ramo do ar condicionado”.
Ana Maura Amorim Phillipps
Se para instalar um ar-condicionado é preciso conhecimento técnico e empenho, elaborar projetos de climatização é um trabalho que também exige cuidados, dedicação e profissionalismo – ingredientes presentes na rotina de Ana Maura Amorim Phillipps. Engenheira Mecânica de formação e Técnica em Automação Industrial, a catarinense de 42 anos é especialista em projetos na área de climatização para conforto e equipamentos, trabalhando há 24 anos na Clemar Engenharia – empresa que oferece soluções para o segmento.
“Já atuei como coordenadora de obras e instalações, e dei aula para o curso técnico em Refrigeração e Ar Condicionado durante 3 anos. Viajo bastante em todo território nacional fazendo levantamento e análise de dados, cálculo de carga térmica, seleção de equipamentos e demais acessórios para sistemas”, conta Ana Maura, que também faz dimensionamento de dutos e rede hidráulica, entre suas diversas habilidades no setor.
A engenheira, que também trabalha como autônoma, conta que ingressou na área de climatização como estagiária para conclusão do curso técnico em Mecânica, realizado na ETFSC em Florianópolis, atual IFSC. Após muito estudo e a formação, Ana revela que pretende ainda realizar um mestrado na área e ter certificação internacional pela ASHRAE. “Percebo que o setor está sempre em desenvolvimento e cada projeto é um novo desafio. Estudar e atualizar os conhecimentos devem estar sempre na rotina do profissional, e se você acredita, se você quer, você consegue”, acredita a especialista, que ainda considera haver uma resistência das mulheres trabalharem nessa área.
Simoni da Cunha Troina
Por trás de uma demanda de instalação e do planejamento de um projeto é necessário haver uma pessoa para administrar a empresa que presta esses tipos de serviço. É exatamente aí que entra o trabalho de Simoni da Cunha Troina, funcionária da Maqtec Climatização – empresa localizada em Valença, na Bahia, que oferece consultoria em projetos de sistemas de ar condicionado, além de assistência técnica e manutenção.
Simoni, que atuou como Gerente de Operação por 6 anos na empresa, hoje é Administradora da Maqtec, trabalhando junto a sua equipe para impulsionar o setor. Ela conta que é apaixonada pelo segmento em que atua e lembra da importância do aparelho que tanto gostamos. “A todos os lados que você vira tem um ar-condicionado funcionando, ele não é um luxo e sim um produto indispensável, tanto em residências quanto em comércio, hospitais, clínicas e muitos outros. Um produto com o qual trabalhamos e executamos tanto manutenção corretiva, quanto preventiva e troca de equipamentos”, justifica.
Simoni conta ainda que não falta trabalho em nosso mercado, mas em compensação o número de mulheres que atuam na área ainda é muito pequeno. “Eu faço parte de um mercado onde o que predomina são homens, mas acredito que cada uma de nós, mulheres, deve conquistar nosso espaço seja ele aonde for. Estamos no mundo não para medir forças, e sim para somar, onde o profissionalismo pesa mais que o gênero”, explica a administradora, que sonha empoderar mais mulheres para o mercado deixando um convite: “Companheiras, juntem-se a nós. Venha fazer parte desse mundo maravilhoso que se chama refrigeração”.
Isabel Cristina Pedó
Corretora de seguros formada, além de técnica em informática e processos gerenciais, Isabel tinha 11 anos de experiência comandando equipes de vendas de serviços quando entrou na WebContinental – canal de e-commerce – para atuar como vendedora de franquias virtuais. Ela acabou ficando apenas seis meses na função, tempo suficiente para conhecer o departamento e apresentar um projeto de como ela gostaria que o setor fosse desenvolvido. A diretoria comprou sua ideia e lhe deu o cargo de supervisora.
Agora Isabel está na supervisão há quase três anos, mas conta que no começo percebia muita resistência dos clientes; “Eles achavam que eu não entendia de ar condicionado (…) isso é do mundo masculino. Fosse qualquer outro colega homem, seria diferente, temos que provar que estamos corretas”. Ela conta que as mulheres precisam estar sempre um passo à frente, por isso, logo que foi contratada, lia e estudava muito sobre a área, passava o dia na internet lendo o que é tecnologia Inverter, Pisoteto, VRF, Chiller etc. Isabel também faz questão de participar de todos os treinamentos da empresa, quer estar atualizada com aquilo com que seus clientes lidam no dia a dia.
O esforço compensou, a supervisora diz que hoje, para os clientes, ela é quem tem a última palavra. Por isso que com alguns parceiros e orçamentos muito grandes, é a própria Isabel quem lida diretamente. “Criei um vínculo de confiança com eles que é muito legal, somos todos colegas e estamos no mesmo barco”, conta Isabel, explicando ainda que, atualmente, alguns clientes entram em contato com ela para verificar se as informações que receberam estão corretas. Ela observa que mulheres trabalhando nessa área costumam se focar na parte estratégica, enquanto os homens executam o planejamento. Isabel diz que normalmente são casais em que a mulher atua na loja ou no escritório, enquanto o homem trabalha na rua, como nos casos que vamos ver a seguir.
Renata Ferreira e Simone de Araújo
Na Carteira de Trabalho, Renata (foto ao lado) é secretária em uma clínica médica de segunda à sexta-feira em horário comercial. Entretanto, ela diz que sua cabeça está sempre mais no outro emprego. Ela cuida do setor administrativo da empresa do marido, a ASR Ar Condicionado. “Eu cuido da parte de agendar visitas técnicas, responder e-mails, preparar orçamentos, laudos técnicos, emissão de notas fiscais e de todo o controle da parte financeira”, explica ela. Seu esposo estava desempregado quando começou a trabalhar instalando ar-condicionado, e não saiu mais do ramo. Há dois anos ele abriu a própria empresa e conta com Renata, que é formada em Administração, para ajudá-lo a gerenciar o negócio.
Caso parecido com o de Simone (foto abaixo), que também ajuda o Marido numa empreitada similar há mais ou menos 9 anos. O casal tem um escritório bem estabelecido em São Paulo e conta que gostariam de começar a revender equipamentos. A empresária diz que não se sente incentivada a crescer na área, pois ainda enfrenta resistência quando vai comprar materiais, atender clientes ou simplesmente instalar equipamentos. Apesar disso, quer continuar tocando a empresa. Simone comenta que existem diferenças entre homens e mulheres, mas que isso não impossibilita ninguém de fazer o seu trabalho – mesmo aquele que é na rua e exige força.
Simone também atende os clientes e cuida mais da parte administrativa. Ela e Renata são exemplos daquela configuração que Isabel Pedó disse ser tão comum nesse ramo, um casal que se divide entre o escritório e a execução do serviço na rua. Renata ainda comenta que, além de se dedicar aos seus dois serviços, ela ainda é mãe e dona de casa – as mulheres, segundo ela, “acabam se multiplicando”. É o tipo de profissional que qualquer área precisa, é ideal que pessoas assim assumam a liderança da organização do setor.
Hani Lori Kleber
Falando em liderança, não podemos deixar de destacar o trabalho de Hani Lori Kleber para o setor de HVAC. A executiva teve a oportunidade de presidir a ASBRAV – Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação – entre os anos de 2015 e 2016. Hoje ocupa a Diretoria da instituição, que é conhecida por oferecer cursos e qualificar os profissionais do setor.
Além do trabalho na ASBRAV como diretora, Hani tem a própria empresa. Há 23 anos ela comanda a Kleber Representações, representante comercial no segmento de Ar Condicionado, Refrigeração, Ventilação e Isolamento Térmico. Hani conta que começou sozinha quando abriu a empresa e fez isso porque estava em busca de algo novo. “Eu tinha pouco conhecimento sobre o setor, mas fui conquistando clientes e parceiros através de valores como honestidade e simplicidade. Depois de 5 anos a empresa começou a dar retorno”, revela a executiva, que chegou a cursar Direito, mas viu que a carreira seguiria para outro lado.
Em suas ambições para o futuro consta mostrar que o mercado de HVAC tem um potencial muito grande, e além disso Hani planeja seguir ajudando a formar profissionais qualificados através da ASBRAV. Apesar de conhecer muitas pessoas envolvidas com o setor, a diretora e empresária desabafa contando que no início da carreira não havia mulheres trabalhando com isso, e mesmo hoje ainda não há um número significativo. “Conheço poucas mulheres que trabalham como instaladoras, por exemplo”.
É sabido que o setor de refrigeração e ar condicionado necessita de profissionais qualificados, e as mulheres podem ser parte da solução. A equipe do WebArCondicionado apoia a participação feminina no setor de HVAC, seja como instaladora, projetista, profissional técnica, administradora, vendedora, empresária ou auxiliar.
Precisamos de mais Lauras, Anas, Simones, Renatas, Isabeis e Hanis para que nosso segmento cresça através do trabalho e esforço de todas as pessoas que lutam para entregar melhores resultados. Você conhece mais mulheres que estão nessa jornada? Compartilhe com a gente através de um comentário.
Hoje eu sou uma destas mulheres, empresária no ramo de Ar Condicionada, gostaria de montar equipes femininas, mas são poucas no mercado. Tenho que mostrar a cada dia minha competência , conhecimento e honestidade.
Chego lá.. Feliz em fazer parte deste novo momento em que estamos entrando.
Há uma necessidade da presença delas nos setores das áreas refrigerativas. Com capacidade para resolverem os mais intricados problemas no cotidiano da vida delas, imaginem, neste segmento na cadeia do Frio!!!!
Conheço sim Laura. contemplo o seu trabalho diariamente. Me apresento para ajuda_la no que for preciso. E que venham sim as mulheres para nos ajudar. Estou sempre contratando e dando força a elas. Agora mais que nunca teremos que dividir com elas e ajudá_las.
Estamos confeccionando o Histórico do Manual Refrigerista, e precisamos saber se existem mulheres técnicas em refrigeração, para adiciona-la (s) em uma página. Gratos atenção….
Olá Sergio, tudo bem?
Poderia enviar maiores detalhes das informações que você procura?
Assim poderemos ajudar você com maior precisão.
Envie um e-mail para (blog@webarcondicionado.com.br).
E, como pode ver na matéria, sim, existem muitas mulheres técnicas em refrigeração.
Sou tenica em refrigeração, trabalho a mais ou menos a um ano no ramo, juntamente com meu eaposo. Confesso que no começo foi difícil me adaptar pois acreditava que era só pra home e não para mulher, pois só tinha eu nos treinamento, hoje não ligo mais, isso é comum para mim. Então hoje tenho prazer no que eu faço
Olá, Heide, tudo bem?
Parabéns por sua trajetória! O WebArCondicionado acredita muito que as pessoas devam lutar por igualdade de direitos! Ocupar seu espaço numa indústria majoritariamente dominada por homens é dos modos de lutar por isso.
Tomara que sua história inspire muitas outras mulheres!
Boa tarde
Vou começar o curso na área de refrigeração já sou formada na área de TI .
Alguém poderia me dar dica aqui na capital de SP , qual escola seria a mais completa para se iniciar está carreira?
Agradeço muito
Olá, Vanessa. Tudo bem?
Que bacana saber que teremos mais uma profissional em nossa área.
Sobre escola em SP, o SENAI Oscar Rodrigues Alves tem grande tradição e tem formado técnicos muito bons.
Conte com a gente para o que precisar e use e abuse do nosso blog para se informar 🙂
Grande abraço!
Olá! Sou nova na area e ,assim como as mulheres descritas na reportagem entrei há 2 meses nesse ramo para apoiar meu marido que já trabalhar com refrigeração há 10 anos. Hoje temos uma empresa de refrigeração e sociedade com sua irmã. Estou surpresa pela quantidade de mulheres na área e espero que cresça cada vez mais . Em menos de 2 meses já sofri com piadinhas ao atender clientes em comercio , o qual é minha area de vendas. Mas quero deixar claro que estou muito feliz por fazer parte de desse time de mulheres e quero crescer muito ainda como profissional e ser uma pessoa melhor no mundo porque lindamos com pessoas o tempo todo, é de `ser humano para ser humano `.
Olá Roseni,
Ficamos muito felizes em saber que ajudamos você, a ideia é exatamente essa. Você já recebe a nossa News e ofertas semanais, ou nos segue em nossas redes sociais? Fica a dica se quiser nos acompanhar e ficar por dentro de tudo relacionado ao mundo da climatização e refrigeração:
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A equipe do WebArCondicionado agradece o seu contato.
Muito bom
Quero ver é carregar uma condensadora nas costas num Sol de 45º C…..subir e descer escadas várias vezes num dia….e dar produção ganhando uma miséria como nós homens sempre fizemos…não é preconceito….É O ÓBVIO! CADA UM NO SEU QUADRADO!!!!
Caro Sr. Anônimo,
no momento em que incentivamos a participação das mulheres no setor, entenda que não deixamos de valorizar o trabalho dos homens, afinal, a competência de cada um não depende de gênero. Existem tanto mulheres quanto homens com muita capacidade trabalhando com ar-condicionado, e o fato de haver um trabalho braçal como você mencionou não é o que define o desempenho de ninguém, e sim a qualificação de cada um. Hoje em dia, por exemplo, vemos muitos penduradores de ar que carregam altos pesos de condensadora no verão, mas muitos destes não sabem nem dar carga no gás. Nosso setor precisa de trabalhadores empenhados e dispostos a dar seu melhor, e por trás disso existem humanos que estão na luta para garantir isso.
Grande abraço para você. Conte sempre com a gente.
Meu nome é Suelen, tenho 36 anos, e também estou apaixonada pelo “mundo da climatização”, estou ao lado do meu esposo, quê é o técnico da nossa empresa, atuo na parte administrativa, nota fiscal, laudos, etc., Mas pretendo fazer cursos e atuar na parte técnica também, sempre acompanho o portal, parabéns pelo maravilhoso trabalho, parabéns à todas as colegas de profissão.
Olá, Suelen.
Que bacana saber que tem muitas mulheres nos acompanhando também, sempre apoiamos a participação feminina no setor. Agradecemos pelas palavras e nos colocamos sempre à disposição para te ajudar. Se você for de São Paulo ou da região, dia 5 de dezembro irá ter um evento especial para as mulheres que trabalham com ar-condicionado. Contamos as informações tudo aqui nessa publicação.
Grande abraço e ótimo trabalho!