O frio intenso registrado nos últimos dias de outono assustou grande parte dos brasileiros de Norte a Sul, habituados até então com o inverno ameno do Brasil. As baixas temperaturas mostraram que o país entrou definitivamente na era dos extremos quando se fala de clima, com termômetros negativos batendo recordes e fazendo com que o branco das geadas e o acinzentado dos nevoeiros virassem paisagem.
A onda de frio mais acentuada aconteceu nas regiões Sul e Sudeste, mas também pegou de surpresa moradores das zonas mais próximas da linha do Equador, que estão acostumados com calor durante o ano inteiro. Com todo esse histórico recente, a grande notícia é que a situação tende a se intensificar ainda mais, já que, com a chegada oficial do inverno, a estação promete ser a mais gelada dos últimos tempos.
E esse é só o começo de um período de mudanças, dizem os especialistas. Nos próximos anos, o Brasil e o restante do planeta serão marcados por picos de temperatura, frutos de alterações climáticas provocadas pelo homem e por outros fenômenos naturais “O frio que fez agora não acontece sempre”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da empresa de consultoria Somar. “Mas a população vai ter que aprender a conviver com ele”, completa.
Susto no Sudeste
São Paulo foi uma das cidades mais afetadas pela sensação gélida, com os termômetros marcando os menores valores em décadas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a madrugada do dia 13 de junho foi a mais gelada em 22 anos, registrando 3,5ºC. A aferição do Centro de Gerenciamento de Emergência (CGE) cravou ainda menos: 0ºC na estação da Capela do Socorro, zona sul do município.
No Rio de Janeiro, os cariocas sentiram as mínimas caíram abaixo dos 10ºC nesse último mês, uma raridade para a cidade famosa pelos “40 graus”. O frescor passou ainda pelo sul do Amazonas. Para Anna Bárbara Coutinho de Melo, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ainda não há motivos para a população se assustar. “É um padrão normal para o período, apesar de mais prolongado e intensificado”, justifica.
Mas por que esse frio todo?
O inverno que começa deverá ser o mais intenso dos últimos anos pois os anteriores foram marcados pela influência do El Niño, que aumenta a temperatura das águas do oceano Pacífico e dos termômetros no Brasil.
Com o fim do fenômeno, nos próximos meses o estado dos mares permanecerá em neutralidade, o que significa que mais massas de ar frio chegarão ao centro-sul do País, diminuindo as temperaturas. Mas a partir do fim de 2016, a situação se inverterá: o Pacífico vai esfriar, o que é conhecido pelo nome de La Niña, e isso pode manter os termômetros em queda durante os invernos de 2017 e 2018.
Daí para frente, a situação pode variar bastante, mas as mudanças climáticas ajudarão a criar um descontrole no tempo que favorecerá os extremos, quentes e frios. “As mudanças de tempo proporcionam fortalecimento dos eventos naturais. Os tempos quentes ficam mais quentes e, os frios, mais frios”, afirma Alexandre Nascimento, meteorologista da empresa de previsão Climatempo.
Já tiraram a touca e luvas do armário?
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