Em maio noticiamos a realização do 6º Congresso Data Centers, que ocorreu no mesmo mês, em São Paulo.

Milena LangeSabendo do papel fundamental da climatização, o evento contou com a apresentação “Desafios e novas técnicas de climatização”, com a especialista no setor, Milena Lange.

Lange é engenheira química, com pós-graduação em gestão de projetos, técnica em mecânica de manutenção de refrigeração, com ampla experiência no segmento de refrigeração com foco em Data Center, linhas industriais, supermercados e centros logísticos, além de desenvolver projetos de condensadores remotos unidades condensadoras, evaporadores e participação em projetos de racks de refrigeração.

O Portal WebArCondicionado conversou, com exclusividade, com a profissional. Confira:

Milena Lange durante congressoPortal WebArCondicionado – O que levou de positivo do 6º Congresso Data Centers? O que achou do público e interação dos participantes?
Milena Lange – O congresso conseguiu unir em discussão uma boa parcela dos profissionais do mercado de Data Center, que neste evento demonstraram abertura para tratar de assuntos importantes para o desenvolvimento do setor. Foi uma boa oportunidade para fazer novos contatos com profissionais da área e aprimorar conhecimentos.

Portal WebArCondicionado – Qual a importância de eventos assim para o setor?
Milena Lange – Eventos como este promovem a oportunidade de interação entre todas as áreas do setor, viabilizando as discussões e assim dando a oportunidade para que aconteça o desenvolvimento e progresso dos processos e tecnologias aplicados. Para a climatização, estes eventos permitem aproximar os usuários finais das novas tecnologias e práticas que costumam ficar distantes do seu dia-a-dia.

Portal WebArCondicionado – Quanto a climatização, você observa que as técnicas existentes, aplicadas em Data Centers, atendem completamente ou há algo que pode melhorar? Ou algo a ser trabalhado com maior atenção?
Milena Lange – No Brasil, a climatização dos Data Centers ainda pode evoluir bastante no que diz respeito ao consumo de energia. Práticas simples e de fácil implementação, como o confinamento de corredores podem aumentar significativamente a eficiência energética destes ambientes com um retorno de investimento muito rápido. Climatizar com equipamentos que possuem modos de economia de energia e o aumento da temperatura no white space também são práticas que serão vistas com maior frequência nos “Data Center Verdes”.

Portal WebArCondicionado – Você acha que o mercado de climatização vem dando uma atenção maior para estes locais tão específicos, mas que crescem aceleradamente?
Milena Lange – O mercado de Data Center no Brasil é muito promissor, já sendo responsável por aproximadamente 40% dos negócios da América Latina. E de acordo com a última pesquisa da Uptime Institute, este mercado na América Latina deve crescer a uma taxa de 78% nos próximos anos. Assim, o mercado da climatização vem se adaptando para atender a uma demanda crescente e uma busca constante por soluções mais eficientes, compactas, verdes, algumas vezes em busca também por soluções escalonáveis.

Portal WebArCondicionado – Você vê alguma empresa ou instituição se destacando na criação de novas técnicas ou produtos?
Milena Lange – Nos últimos anos a Schneider Electric se destacou com os lançamentos de produtos que tiveram como objetivo atender as principais demandas do mercado de climatização para missão crítica.

Em 2013 por exemplo, lançou um sistema de confinamento inteligente, o EcoAisle, o único do mercado que permite a integração com o sistema de combate a incêndio já existente no Data Center, desta forma não havendo necessidade de instalar novos sistemas para atender dentro do corredor confinado. Além disso, o EcoAisle monitora e controla a pressurização do corredor confinado comunicando-se diretamente com as unidades de ar condicionado. Também possui sistema de iluminação inteligente que visa aumentar a eficiência energética do site.

Em 2014 lançou a segunda geração das unidades InRow® água gelada, possibilitando a instalação de equipamentos com maior capacidade de refrigeração na mesma área ocupada e ainda com o benefício do menor consumo energético por carga refrigerada.

Portal WebArCondicionado – Em alguns lugares, ainda são usados equipamentos centrais de conforto com grande capacidade, você acha que é uma tendência natural as empresas passarem a usar centrais de precisão?
Milena Lange – As centrais de conforto são projetadas para atender o conforto térmico de pessoas tendo um alto fator de calor latente. Esta solução permite uma variação de temperatura de 4°C, possuem uma baixa taxa de circulação de ar quando comparados aos equipamentos de precisão, filtros simples para controle de impurezas no ar e são projetadas para a operação em horário comercial 5 x 8.

Ambientes de missão crítica exigem condições diferentes de sala, uma vez que possuem o foco de trabalho em retirar calor de equipamentos. Faz-se necessário uma faixa menor de variação de temperatura de 0,56°C, variação de umidade relativa de 3-5%, alta taxa de circulação de ar por kW refrigerado, filtros de ar de altas pregas e alta eficiência para garantir um ambiente livre de impurezas, além de operação constante 7 x 24 x 365.

Portal WebArCondicionado – O que a tecnologia pode acrescentar na climatização de Data Centers?
Milena Lange – A tecnologia interfere na climatização de Data Center desde os componentes empregados na fabricação dos servidores que permitem operar em condições diferenciadas até a utilização de equipamentos de refrigeração que se beneficiam das condições externas para reduzir o consumo de energia para climatizar os ambientes.

Também é muito importante e eficiente nas soluções que fazem a climatização se adaptar aos desafios encontrados em Data Centers existentes, como controle de pressurização em pisos elevados ou em sistemas de confinamento, adaptação dos confinamentos aos sistemas de combate a incêndio existentes, comunicação entre as unidades de ar condicionado entre si e também sua comunicação com os chillers.

Portal WebArCondicionado – Já há uma consciência entre as empresas que desejam possuir Data Centers, que a climatização é peça fundamental e deve haver um bom investimento nesta área?
Milena Lange – Em Data Centers que possuem como principal negócio o processamento de dados é muito clara a necessidade de climatizar com precisão. Como a climatização corresponde a um percentual em torno de 40% do consumo de energia do Data Center, muitos gerentes de infraestrutura têm percebido que investir nesta área desde o projeto inicial pode gerar benefícios econômicos significativos durante a operação. Quando o Data Center é apenas um dos ativos da empresa, essa visibilidade sobre a importância da climatização é reduzida, fazendo da operação um processo menos eficiente, sem disponibilidade garantida e passível de falhas.

Portal WebArCondicionado – Você observa o mercado de profissionais qualificado o bastante para a aplicar a climatização a Data Centers? Caso não, alguma sugestão para que possa ser melhorado?
Milena Lange – Sim o mercado brasileiro é bastante qualificado, porém é um mercado que também é muito conservador. Sendo assim, dá preferência a tecnologias difundidas e custa a se beneficiar de soluções inovadoras e novas tecnologias. Uma maior interação com mercados mais experientes na área poderia trazer maior confiança na utilização de novas soluções.

Portal WebArCondicionado – O que você diria (ou quais dicas) para um instalador de ar condicionado e pretende entrar no ramo de climatização de Data Centers?
Milena Lange – A climatização para ambientes de missão crítica exige muito conhecimento e responsabilidade por parte dos profissionais e empresas. Exigem disponibilidade de aplicações, serviços e processos, dos quais a paralisação ou perda de dados importantes poderiam gerar transtornos, não apenas financeiros, mas também sociais.

Por outro lado é um mercado com grandes perspectivas de crescimento e com espaço para aceitação de bons profissionais.

Redação do Portal WebArCondicionado.
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