Imagine a chamada casa do futuro: com chão cinético, capaz de transformar os passos em luz; autossuficiente em energia elétrica e no abastecimento de água, com uso de chuva recolhida e filtrada; ambientes climatizados naturalmente, sem ar-condicionado; e construída com pré-moldados, sem nenhum material químico.
A novidade é que o projeto já pode sair do papel. Custando aproximadamente R$ 5 milhões, a casa será construída em uma praça pública de Niterói, no Rio de Janeiro, às margens da Baía de Guanabara. O projeto é resultado de um “crowdsourcing”, financiamento coletivo pela internet, implantado pela empresa Enel Brasil, filial da gigante energética italiana.
Ponto de partida
A casa faz parte do projeto N.O.V.A (Nós Vivemos o Amanhã), com o objetivo de colher informações sobre como as pessoas imaginam a vida doméstica no futuro. Ela foi a primeira a receber um dos mais importantes certificados ambientais na América do Sul, o Living Building Challenge.
“Se trata de uma experiência inédita, tecnológica, sim, mas, principalmente, sociológica, no campo do comportamento e dos desejos. Algumas soluções, como a fonte de energia solar, forneceremos nós mesmos, outras iremos buscar nas start-ups envolvidas”, disse o presidente da Enel Brasil, Marcelo Liévenes, durante a apresentação do projeto em Milão.
Especificações
A construção terá 375 m² e será feita num terreno de 1000 m². As águas cinzas serão recicladas, assim como os dejetos e o lixo orgânico, que serão transformados em gás metano. Vidraças inteligentes dispensarão limpeza e irão alterar transparência em função da luminosidade externa.
O pavimento da casa será de concreto modulado, que pode ser facilmente retirado e substituído. As tubulações e fiações passarão por baixo dele. Já a quadra de esportes terá piso cinético, que produzirá energia para iluminar o campo. A casa não precisará de eletricidade durante o dia. Monitores ligados à internet informarão o consumo de luz, água e gás em tempo real, além de dados de saúde dos moradores.
“Usaremos antigas técnicas de arquitetura no Brasil com mais de 500 anos, como o cruzamento da ventilação, a fonte geotérmica, pois escavando 20 m no solo conseguimos climatizar os ambientes naturalmente, substituindo o ar-condicionado. Temos ainda o ensinamento do modernismo, com a paisagem entrando na residência”, disse o arquiteto responsável pelo projeto, Arthur Casas.
Seleção dos usuários
Um concurso pela internet vai escolher a família que irá ocupá-la e os moradores serão, de certa forma, cobaias das novas tecnologias: os pesquisadores querem saber quais serão as mudanças de ritmos e hábitos no consumo, e em quanto tempo irão ocorrer.
Eles irão acompanhar o comportamento dos habitantes na casa através do fluxo de informações. “Queremos saber como as pessoas irão morar ali, como irão se adaptar às novidades. Isso é o que importa porque o futuro tecnológico é já obsoleto”, disse Liévenes.
As obras começarão em novembro e a conclusão está prevista para antes dos Jogos Olímpicos, em agosto de 2016.
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