Você se preocupa com o seu bichinho de estimação passando frio no inverno, ou calor no verão? Pois um jovem paulista também se alarmou com isso depois que uma seca castigou seus sete cachorros de estimação em 2014. A solução encontrada por Ranieri Silvestre, de 19 anos, foi inventar uma coleira térmica para resfriar ou aquecer os animais. O WebAr entrou em contato com o jovem empreendedor para saber mais.
Segundo Ranieri, seus cães estavam passando muito calor durante a forte estiagem de São Paulo há alguns anos. Ele percebeu que ofegavam muito e procuravam os lugares mais frescos da casa para dormir. Foi pesquisar se já existiam soluções para esse problema e encontrou algumas coleiras que funcionam a base de misturas químicas. Mas isso não era bom o suficiente, pois não podia ser controlado e servia apenas para o resfriamento dos bichinhos. Foi aí que ele topou com a Embr Wave, a pulseira climatizadora desenvolvida pelo M.I.T..
Partindo da mesma premissa, ele começou a pensar numa coleira que gerar conforto térmico para os animais de estimação, tanto aquecendo quanto resfriando eles. Até que chegou na Mastiff, como se chama a invenção.
Ela usa um sistema termoelétrico que envia ondas tanto quentes quanto frias para a região do pescoço do animal que a estiver usando. Dentro do pequeno aparelho há um dispositivo termoelétrico e uma corrente que, em termos gerais, de um lado dispersa os elétrons, e do outro recolhe os elétrons. Ou seja, de um lado emite calor, e do outro resfria pela retirada de carga elétrica.
Ranieri explica: sempre que ligado, o dispositivo está aquecendo e resfriando ao mesmo tempo. O que acontece é que a intensidade de cada um desses lados pode ser controlada, o que permite ao usuário optar mais pelo aquecimento ou pela refrigeração. Além disso, a Mastiff funciona com pulsos em intervalos regulares, mantendo a pele do bichinho estimulada. Ranieri assegura que isso não interfere na temperatura interna dos animais, que fica em média na faixa dos 38ºC a 39,2ºC.
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Porém, a história fica ainda mais interessante, pois Ranieri fez isso sem possuir qualquer conhecimento técnico sobre o assunto. O jovem se provou um completo autodidata, ele mesmo pesquisou e aprendeu sobre eletrônica e programação. Acabou projetando a Mastiff, que construiu comprando as peças em lojas de elétrica. Como o jovem não considera práticas nem eficientes as coleiras que funcionam através de fluidos refrigerantes, sabia que o produto precisava ser controlado eletronicamente.
A trajetória de Ranieri e a evolução da coleira
Em 2015, Ranieri fez parte do programa Brasilitas, uma iniciativa da Harvard Undergraduate Brazilian Association (HUBA) com as universidades de Yale e Stanford para orientar jovens empreendedores. Já em 2016, acabou sendo convidado e indo pessoalmente para Yale para atender um evento sobre tecnologia, inovação e empreendedorismo. Ele conta que essa experiência foi bastante imersiva, proporcionando contato com outros empreendedores da mesma idade e passando por problemáticas similares. Além disso, o programa ofereceu visitas e atividades em laboratórios com acompanhamento de Phds em tecnologia e mercado, possibilitando a troca de experiências. Ranieri diz que esse é um tipo de vivência difícil de encontrar aqui no Brasil.
Foi tudo muito corrido para Ranieri, de um ano para o outro ele já tinha um produto e os compromissos se acumularam. Ainda em 2016, ganhou medalha de prata na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), e a medalha de bronze na Feira Nordestina de Ciências e Tecnologias (Fenecit).
O ano de 2017 foi dedicado a melhorar o design do produto. Ranieri pesquisou modelagem 3D e usinagem para isso. Atualmente ele está tentando viabilizar a produção industrial da coleira. Está em negociações com uma grande fabricante estadunidense – que ele ainda não pode revelar o nome. Ele afirma que a maior parte do trabalho está concentrado em conceber um novo visual para a Mastiff – o nome deve permanecer, Ranieri o considera ideal.
O futuro da Mastiff
O jovem contou ao WebAr que a fabricante também já está trabalhando no desenvolvimento de uma conexão entre a coleira e aplicativos de celular, para que novas possibilidades possam ser aplicadas. No futuro, Ranieri quer desenvolver desde os modelos mais simples até aqueles mais complexos e cheios de funções – como controlar os batimentos cardíacos e ainda fornecer outras informações para os donos de animais de estimação.
A ideia de Ranieri é iniciar a fabricação ainda em 2018 para venda em lojas online, ou em grandes redes de produtos para pets. A Mastiff não é uma empresa oficializada, mas Ranieri também afirma que isso será resolvido em breve.
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