Por Omni-electronica
Pesquisa realizada em hospital de São Paulo evidencia suspensão do coronavírus no ar
O estudo realizado ao longo dos últimos dois meses conseguiu coletar amostras de ar onde com a presença de material viral
SPIRI, dispositivo de monitoramento, em tempo real, da qualidade do ar que indica um maior ou menor risco de contaminação em ambientes internos. Crédito: Divulgação.
Após pressão da comunidade científica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que um dos principais meios de transmissão do SARS-VoC-2 é o ar, por meio de microgotículas suspensas. Até então faltavam evidências de que o vírus estivesse suspenso no ar, porém, recentemente, estas comprovações estão surgindo em diferentes partes do mundo, como reportado recentemente no estudo da Universidade de Nebraska.
Alinhado a este esforço internacional na busca por um entendimento, embasado por evidências científicas, dos mecanismos de transmissão do novo Coronavírus, pesquisadores brasileiros vêm realizando experimentos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, há 2 meses. A pesquisa é liderada pela startup Omni-electronica, residente na Incubadora USP-IPEN-Cietec, que desenvolveu um sistema de monitoramento da Qualidade do Ar Interior (QAI), subsidiado pelo programa PIPE, da FAPESP, denominado SPIRI.
Estudo
Em abril, movidos pelo impacto da pandemia, os pesquisadores da Omni-electronica, contaram com o apoio do programa VedacitLabs, para financiar uma tentativa de evidenciar a presença do vírus SARS-VoC-2 em suspensão no ar e correlacionar o mesmo com indicadores da QAI, já que a tecnologia SPIRI tem a capacidade de monitorar, em tempo real, estes fatores, permitindo a gestão da qualidade do ar nestes locais, a fim de reduzir o risco de contaminação, por falta de ventilação adequada.
Os estudos, iniciados em junho no HC, já vêm mostrando resultados. A equipe de pesquisadores da Omni-electronica conseguiu capturar o SARS-CoV-2 suspenso no ar em ambiente hospitalar e, com o auxílio da tecnologia SPIRI, pôde demonstrar que, mesmo em hospitais, a renovação adequada do ar tem capacidade para reduzir o risco de contaminação, ou seja, garantir a ventilação adequada pode ser a maior arma na luta contra o Coronavírus.
Resultados
Ao todo já foram realizadas mais de 20 amostras coletadas ao longo de ao menos de 150 horas de estudo de campo. Estas amostras estão associadas a dados em tempo real da QAI, como concentração de dióxido de carbono (CO2), indicador eficácia da ventilação em ambientes internos. Dessa forma, fica reforçada a hipótese de que o vírus é transmissível não somente por grandes gotículas durante tosse ou espirro, mas também, por microgotículas que as pessoas expelem quando conversam ou expiram, denominadas bioaerossóis. Por serem tão leves, estas microgotículas podem ficar suspensas no ar durante horas, se o ambiente não tiver ventilação suficiente.
“Nosso intuito é auxiliar a retomada pós-quarentena e evitar uma nova onda de contaminação que poderia resultar em um colapso do sistema de saúde e uma escalada do número de óbitos. Faremos o máximo para atender sua aplicação o mais rápido possível”, informa Arthur Aikawa, CEO da Omni-electronica e pesquisador responsável pelo estudo.
Tecnologia
Dispositivos de sensoriamento em tempo real são instalados nos ambientes internos. Os indicadores de risco de contaminação, entre outras informações, são visualizados na plataforma AMI-Hub e auxiliam o responsável pelo edifício na manutenção da QAI, com direcionamentos compreensíveis. Os dados podem ser informados aos ocupantes também como forma de tranquilizá-los a respeito de sua permanência no local. Alarmes e relatórios de conformidade podem ser configurados. Além disso, amostras podem ser colhidas e analisadas em laboratório para identificar a presença ou não do SARS-CoV-2 com emissão de laudo técnico.
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