HFO-fluido-refrigerante

Entre tantas classificações de fluidos refrigerantes, uma categoria que está se destacando por seu menor impacto climático são aqueles à base de HFO (hidrofluorolefina). Os compostos já estão sendo adotados por diversos estabelecimentos comerciais brasileiros. Tendência tecnológica na Europa e nos EUA, as HFOs foram desenvolvidas para substituir os hidrofluorcarbonos (HFCs) em sistemas de refrigeração e ar condicionado.

Historicamente, três HFCs – R134a, R404A (ou R507A) e R410A – têm atendido a um amplo leque de aplicações no setor. Entretanto, embora não destruam a camada de ozônio, os HFCs têm alto potencial de aquecimento global (GWP). Por isso, eles também deverão ser eliminados nas próximas décadas, assim como também vem ocorrendo com os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e já ocorreu com os clorofluorcarbonos (CFCs), devido ao potencial de depleção de ozônio (ODP) dessas substâncias, ou seja, que provoca o declínio do volume total de ozônio na estratosfera.

De acordo com especialistas, a estrutura química das HFOs puras contém uma dupla ligação entre os átomos de carbono. Isso faz com que as moléculas desses fluidos refrigerantes sintéticos de quarta geração tenham uma vida curtíssima na atmosfera, característica que reduz, consideravelmente, seu impacto ambiental.

Exemplos de HFO

O R1234yf e R1234ze são exemplos de HFOs puras com índices baixíssimos de GWP. As moléculas desses fluidos, porém, ainda têm custo elevado, quando comparadas às dos tradicionais HFCs, e ainda não são homologadas para uso em sistemas de refrigeração comercial, além de serem levemente inflamáveis. Entretanto, misturas entre HFOs e HFCs criam alternativas seguras, eficientes e de baixo GWP que podem ser usadas em sistemas de refrigeração novos ou existentes.

opteon x40Desenvolvido para substituir o R404A, o R449A, por exemplo, é uma mistura entre o R32, R125, R1234yf e R134a que tem sido amplamente adotada por supermercados que buscam um refrigerante de baixo efeito climático e melhor performance. Um exemplo de R449 é o Opteon XP40 (foto) comercializado pela Chemours. O fluido tem GWP 67% menor que o R404A e, inclusive, pode ser usado para retrofitar sistemas projetados para operar com R22, um HCFC cujas cotas de importação vêm sendo reduzidas pelo governo brasileiro.

honeywell solstice n40A Honeywell também está introduzindo fluidos à base de HFOs no mercado local. Um deles é o R448A, uma mistura de baixo GWP comercializado como Solstice N40 (foto). Contudo, por questões de confidencialidade, a companhia norte-americana ainda não pode revelar os detalhes das negociações envolvendo essa substância, especificamente. “Por outro lado, fornecemos o primeiro lote de R455A (Solstice L40X) para um grande cliente no Brasil, que está trabalhando em um projeto de refrigeração para um centro de distribuição e processamento de alimentos”, diz Fernando Tanaka, da área de fluorquímicos da empresa.

arkemaVale lembrar também da Arkema, que iniciou há poucos meses a comercialização do R1233zd no país. Essa HFO pura substitui o R141b no setor de agentes de expansão, componentes vitais dos termoisolantes dos sistemas frigoríficos. “Todos os players deste segmento já estão testando o produto”, diz o gerente de fluorquímicos da companhia francesa no Brasil, Alexandre Lopes. “Uma parte significativa da energia que consumimos hoje é perdida devido ao mau isolamento térmico”, lembra o gestor, ao destacar que o fluido está sendo comercializado como Forane FBA 1233zd.

Vejamos agora alguns cases do varejo brasileiro que começaram a utilizar HFO:

Casos de sucesso com HFO

Sediada em Jundiaí (SP), a Superfrio foi a primeira empresa da América Latina a realizar um processo de Retrofit do fluido refrigerante R404A em um supermercado na cidade de São Paulo usando o fluido à base de HFO. Para isso, precisou apenas realizar ajustes em válvulas de expressão termostáticas e na configuração nas válvulas de expansão eletrônica, sem a necessidade de troca de óleo ou vedações.

Opteon-XP40-Supermercado-2-990x520A substituição requereu dois procedimentos técnicos – um na seção de resfriados e outro na de congelados – durando poucas horas cada. Como foram realizados durante a madrugada, não houve a necessidade de interrupção da operação da loja.
Na seção de produtos resfriados (média temperatura), o fluido foi aplicado em um sistema de refrigeração de expansão indireta (em cascata com glicol) e, em dias com temperaturas ambiente semelhantes, a economia de energia chegou a 9,5%. Na seção de congelados, o refrigerante foi aplicado em expansão direta, e a redução atingiu 4,7%.

Segundo o fabricante do fluido, a economia média total foi de 8,3%, o que significa, em um ano, o equivalente a um mês de funcionamento da loja toda.
“O retrofit faz parte de um caminho de maior consciência ambiental. Estar na vanguarda em qualquer segmento é muito importante para qualquer empresa, ainda mais quando nos referimos à sustentabilidade”, afirma Alexandre Bastos, diretor-geral da Superfrio.

Após um retrofit em seus balcões refrigerados, uma loja da rede ABC na cidade de Passos (MG) obteve uma redução de 3% no consumo de energia elétrica, abaixo da média geral de 8 a 12% para esse tipo de conversão. Isso ocorreu porque a loja já havia passado, recentemente, por processos de otimização dos equipamentos.
Num primeiro momento, a economia pode parecer baixa, mas a realização futura desse procedimento nos outros 36 estabelecimentos da rede certamente levará a uma economia considerável para o caixa da empresa mineira.

Economia de energia no Retrofit

Quem também reduziu gastos operacionais após o retrofit do R404A para o R449A em suas câmaras frigoríficas foi a distribuidora de alimentos congelados Frigofoods.
Além de diminuir a pegada de carbono de sua operação, a conversão tecnológica proporcionou à empresa de Campinas (SP) uma grande economia de energia elétrica.

Em geral, a redução de consumo energético nesse tipo de retrofit é de 3 a 4%. No caso da Frigofoods, foi registrada uma economia de 9% de eletricidade, insumo que atualmente equivale a 8% de seu custo fixo. Há pouco mais de um ano e meio no mercado e dona de equipamentos praticamente novos, a Frigofoods tem câmaras frigoríficas que totalizam 800 metros cúbicos (em torno de 300 toneladas) de capacidade.

Segundo a empresa, o payback previsto sobre os investimentos na realização de um futuro retrofit no restante de suas câmaras frias e no túnel de congelados é de somente oito meses. “Além de proporcionar sustentabilidade ao negócio, que é uma bandeira da nossa empresa e um processo cada vez mais demandado pelo mercado, a troca de fluido refrigerante nos deu esse diferencial competitivo”, argumenta Pietro Moschetta, diretor de desenvolvimento de negócios da Frigofoods.

De acordo com o empresário, o mercado brasileiro, felizmente, já subiu de patamar na questão da sustentabilidade nas atividades de seus fornecedores, com clientes cada vez mais propensos a fechar negócios com quem compartilha desses mesmos princípios. “Claro que o fato de nos tornarmos mais competitivos também foi decisivo para nossa rápida consolidação nesse segmento”, complementa.

Você já tinha ouvido falar nos HFOs? O que você acha desse fluido? Deixa um comentário aqui.

Redação do Portal WebArCondicionado. Com informações de Revista do Frio.
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