Por Ivan Romão, em coautoria com o Engº Paulo A Reis
Nosso desenvolvimento técnico possibilita aos diversos sistemas operar num grau de dinamismo e autonomia bastante sensível às necessidades, mesmo as mais específicas, das pessoas e dos ambientes. Elevar níveis de automação e conectividade é seminal para empresas de diversos setores — e não é diferente no caso da cadeia de Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração (AVAC-R).
No mercado brasileiro deste setor, as empresas de automação têm lutado para disponibilizar, nos últimos 10 anos, uma moderna, eficiente e segura tecnologia para Sistemas BMS (Building Manager System) de Automação, acompanhando o aprimoramento dos chamados “edifícios inteligentes” e o aumento do número e dos níveis dos dispositivos em rede que se relacionam a esses processos.
Quando falamos em automação no contexto de AVAC-R, estamos nos referindo a monitoramento, coleta, registro e armazenamento de dados de sistemas de controle da qualidade do ar interno. A operacionalização desses dados — de vazão, nível estático, nível dinâmico, pressão e temperatura para um determinado ambiente interno — é fundamental para o aumento de produtividade, com eficiência e redução de custos, e para o alcance dos padrões de qualidade desejados, além de melhorarem a resposta que tais sistemas podem dar diante de determinadas situações.
É cada vez maior a importância desses dados estarem sempre a mão dos clientes: no smartphone ou tablet, por exemplo. O desenvolvimento de softwares e aplicativos de acesso e monitoramento desses dados aproxima as pessoas de suas necessidades — afinal, os processos de automação existem, entre outros motivos, para nosso conforto e praticidade. Podemos ter nas mãos o tempo (a climatização dos ambientes) e, com isso, ter tempo (economizando horas gastas com o controle e o monitoramento da climatização predial).
Quem não acompanhou de perto até aqui o avanço nos sistemas de automação pode achar estranho poder controlar via celular o PH e condutividade da água utilizada pelo sistema de climatização de um prédio, para ficarmos em apenas dois tipos de controle possíveis. Mas tudo isso é bastante factível e é impressionante, até mesmo para os padrões da ficção.
Quem acompanha quadrinhos e cinema sabe que a Tempestade, personagem icônica dos X-Men, precisa estar nos próprios ambientes para controlar o tempo/clima destes. Talvez ela nem precisasse utilizar seus poderes se pudesse modificar a umidade ou a temperatura na sala do professor X usando apenas um celular, por exemplo.
A efetividade dessa automação, naturalmente, depende de alguns fatores, como é o caso da segurança. As empresas de automação em AVAC-R hoje são capazes de oferecer níveis elevados de segurança, tanto de operações quanto de dados, já que em muitos casos os sistemas demandam conexões cibernéticas altamente complexas.
Também é uma preocupação do setor que a automação esteja coerente com as preocupações ambientais globais. Como sabemos, a climatização é vilã-mor do consumo energético predial. Para um resultado satisfatório nesse sentido, os sistemas de automação oferecidos devem fazer a gestão técnica do consumo de energia dos edifícios, monitorando gastos, escalonando horários e apontando zonas críticas, por exemplo, para tornar racional e sustentável o consumo enérgico do ambiente interno em questão. O que vai oportunizar ao mundo a redução da geração de energia não sustentável.
A relação entre automação em AVAC-R e a sustentabilidade nos parece, então, estreita: reduzir consumo energético significa diretamente reduzir custos, diminuir as emissões de CO2 na atmosfera (consequentemente, diminuir os custos sociais e individuais em saúde) e criar distância do esgotamento das reservas de petróleo — que, lembremos bem, têm capacidade finita. Além disso, pode ser interessante considerar que, numa escala menor, o edifício é uma coletividade, uma comunidade — tal como o planeta — que merece nosso cuidado e preservação.
Discutindo o caso brasileiro, fica o alerta de que deve ser do interesse geral o desenvolvimento da cadeia de automação em AVAC-R — e como torná-la prática e de fácil acesso aos clientes, como no caso da utilização de smartphones, já citados aqui —, com investimento financeiro condizente (considerando que os altos custos iniciais serão futuramente compensados) e conhecimento em relação aos benefícios da automação.
O mercado brasileiro de automação em AVAC-R está otimista em relação ao futuro, principalmente a partir deste segundo semestre de 2021. A área de engenharia da ABRAVA, por exemplo, vem trabalhando nos últimos anos para elaborar e operacionalizar normas técnicas que sejam responsivas, entre outras situações, aos impactos da pandemia da covid-19.
Os documentos vão readequar, via portaria do Governo Federal, os sistemas de climatização e refrigeração no país, o que amplia sobremaneira a necessidade de automação de todos esses sistemas, para garantia da qualidade do ar de ambientes internos — incluindo os industriais, que possuem ou dependem dos chamados ambientes controlados e/ou classificados.
Para o ano de 2022, a ABRAVA estima que, no Brasil, o setor vai crescer 4,5 %, após um 2021 sem crescimento expressivo. Nos últimos 5 anos, o setor cresceu 2,73 % (colocando-se nessa conta a queda de 4 %, por conta da pandemia do novo coronavírus). Hoje, o mercado de automação predial no mundo movimenta cerca de 80 bilhões de dólares, sendo 12 bilhões apenas o mercado de automação em AVAC-R.
Novos tempos, novas tecnologias. O 5G em breve chega ao Brasil e vai impactar fortemente a automação em AVAC-R, com o aumento da velocidade de conexão dos dispositivos. Assim, a Tempestade vai poder controlar a temperatura e a umidade da sala secreta do professor X — só que agora muito mais rápido.
Ivan Romão é gerente da Febrava, maior feira da cadeia AVAC-R- www.febrava.com.br; Engº Paulo A. Reis, é Presidente do Departamento Nacional de Automação e Controle da ABRAVA.
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