Refrigeração não é apenas sobre conforto. Cada vez mais, estar em um ambiente com temperaturas agradáveis é uma questão de saúde. E não só para o corpo humano, pois comida e medicamentos também precisam de climatização adequada. Ondas de calor mais duradouras e intensas vão se tornar mais comuns nas próximas décadas, e as pessoas sem acesso à refrigeração serão as primeiras vítimas das mudanças climáticas.

É sobre isso que fala o artigo publicado esta semana pela ONG Sustainable Energy for All (SEforAll), que colocou o Brasil junto a outros 8 países que deverão enfrentar as maiores dificuldades. Segundo os números levantados por eles, são mais de um bilhão de pessoas na linha de frente do Aquecimento Global. Aliás, as ondas de calor já são um problema agora, mesmo em países desenvolvidos. Imagine então para quem não tem como comprar geladeiras ou condicionadores de ar dos mais simples.

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A realidade sobre o investimento em refrigeração

E o problema segue quando falamos da classe média com algum poder aquisitivo, e que tem como investir em refrigeração. O estudo da SEforAll diz que em 1995 apenas 7% da população chinesa tinha geladeiras em casa, e que hoje em dia esse número está em 95%. Isso demonstra que, com o aumento das temperaturas globais devido ao Efeito Estufa, as pessoas que podem vão procurar meios práticos de manter ou melhorar seu estilo de vida, e a preocupação levantada pelo artigo é que essa faixa da população mundial, estimada em 2,3 bilhões de indivíduos, vai acabar procurando por equipamentos baratos e de baixa eficiência energética. Ou seja, aparelhos que poluem mais e consomem bem mais energia.

Isso tem causado uma demanda ainda maior por produção de energia, que por si só já agrava o Aquecimento Global. Por outro lado, a maior procura por aparelhos de refrigeração também estimula o mercado a produzir mais e, portanto, poluir mais e gastar mais energia também. O lado bom é que, com uma procura maior por condicionadores de ar, a indústria pode investir em novos aparelhos com maior eficiência energética. As tecnologias mais limpas de ar condicionado já existem e estão sendo bem difundidas no mercado, mas ainda estão pouco acessíveis à grande parte da população.

Como utilizar a energia sustentável

E é por isso que o estudo da SEforAll também diz que, falar da crescente demanda por refrigeração no planeta, é falar igualmente dos ideais de produção de energia sustentável. Ou seja: energia limpa e verde. Antes de criar aparelhos com custos acessíveis e com tecnologias sustentáveis, é preciso que a indústria e os governos invistam em meios de evitar o aumento da temperatura global. Do modo como está, a procura por refrigeração e a vontade cega do mercado de oferecer opções serão apenas uma solução tardia e pouco acessível, pois vão apenas remediar o problema e não para todo mundo.

Por isso o artigo da SEforAll também se preocupou em propor algumas soluções para alguns desses grupos. Para a faixa de população vivendo de agricultura ou mais no interior (aproximadamente 470 milhões), é proposto o investimento em fontes de energia independentes, como painéis solares e moinhos próprios. A faixa mais pobre das grandes metrópoles (aproximadamente 630 milhões) pode melhorar a climatização do seu ambiente e ainda ajudar o planeta com paredes e tetos verdes, por exemplo.

As mais de 2,3 bilhões de pessoas de classe média podem investir em equipamentos de boa eficiência energética e influenciar em regulamentos mais exigentes na manutenção das edificações. Enquanto aqueles com maior acesso ao capital podem fazer planejamentos completos de refrigeração sustentável. Também estão no artigo algumas sugestões de soluções públicas, como centros de refrigeração e o armazenamento de energia.

Lista de países com maiores riscos devido ao Aquecimento Global

O estudo colocou o Brasil como um dos países que, devido à falta de infraestrutura, investimento em ciência e poder aquisitivo, são os que mais provavelmente sofrerão as primeiras consequências do Aquecimento Global caso soluções não sejam implementadas rapidamente. Outros países nessa lista são Bangladesh, China, Índia, Indonésia, Moçambique, Nigéria, Paquistão e Sudão.

Redação do Portal WebArCondicionado.
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