Ao mesmo tempo em que se fala da criação de edifícios sustentáveis, reformular construções antigas vem se tornando uma alternativa aplicada cada dia mais no mundo todo. Trata-se do retrofit, ou ?colocar o antigo em forma?, que é o processo de modernizar prédios de 20 anos ou mais e reformá-los com o objetivo de diminuir os gastos com energia. Iniciada na Europa, a técnica migrou para os Estados Unidos e hoje já virou realidade no Brasil, onde o número de estruturas remodeladas vem crescendo.
Instalações elétricas, hidráulicas e equipamentos comuns do edifício, como iluminação, elevadores e fachada são alguns dos itens englobados pelo retrofit. Neste sentido, a reestruturação do sistema de climatização se torna uma peça fundamental no retrofit. Responsável por consumir de 40% a 50% da fatura de energia elétrica das edificações, reintegrar novos aparelhos de ar-condicionado ajudam a reduzir os gastos e garantem melhor distribuição de ar.
Reformulando a distribuição de ar
Em relação ao ar-condicionado, o retrofit realiza a atualização dos equipamentos e instalações, como forma de melhorar a operação dos aparelhos. Deve ser levado em conta a idade do sistema, pois além dos 20 anos a durabilidade dos componentes, sobretudo das centrais de água gelada, podem ficar comprometidos. Vale ressaltar que esta idade deve ser considerada para aparelhos que passaram por rotinas regulares de manutenção e que foram operadas de acordo com o projeto original. Por isso muitas vezes os sistemas devem passar pelo retrofit antes desse tempo.
Engenheiros civis e arquitetos afirma que para o retrofit ter êxito é necessário realizar inicialmente um diagnóstico. Nele é necessário que se avalie como o edifício foi projetado e construído e a qualidade ambiental das práticas. Ou seja, a forma com que os usuários se relacionam com o edifício. É importante obter a maior quantidade possível de informações e dados do edifício, tarefa que pode ser difícil levando em conta que a maioria são prédios antigos sem registros de obras e operações.
Feito isso, é necessário levantar quais são as necessidades dos usuários quanto às condições do edifício em termos de ventilação, insolação, desempenho dos materiais com relação às cargas térmicas, equipamentos existentes, acústica entre outros. Tais estudos são fundamentais para alcançar o desempenho necessário dos aparelhos no ambiente, garantido conforto e reduzindo os gastos de energia. Nesta hora é importante determinar parâmetros de dimensionamento adequados ao novo uso, como controle da temperatura dos ambientes, velocidade do fluxo de ar, ruído dos aparelhos e do ar insuflado e qualidade do ar.
Equipamentos
Uma dos principais fatores para o maior consumo dos aparelhos antigos é quanto à falta de setorização, que está presente nos equipamentos mais modernos e eficientes, que possibilitam melhor distribuição de temperatura. Neste sentido é a automação é bastante aplicada, o que garante maior controle sobre os parâmetros de dimensionamento e contribuem tanto para o conforto dos usuários como também na eficiência energética dos aparelhos.
O segundo é a troca dos chillers. Principal equipamento de um sistema de água gelada, a substituição por novos equipamentos disponíveis no mercado podem dar um ganho de eficiência superior a 30%. E pode ser ainda maior com o uso de recursos como recuperadores de calor, distribuição de água em volume variável e aumento do diferencial de temperatura da água gelada e outras possibilidades técnicas dependendo a situação do projeto. Assim a central distribui a cada ambiente uma cota de água para realizar a climatização adequada, que é feita a partir de um condensador refrigerado que contém água ou ar. Desta maneira, os ganhos obtidos variam conforme a solução encontrada e o grau de intervenção, o que gera diminuição de custos não só com energia, mas também com operação e manutenção dos aparelhos.
Ventilação natural
Em relação ao retrofit, esta técnica também vem ganhando espaço. Trata-se de intervenções que ocorrem com a criação de novas aberturas, que são posicionadas estrategicamente ou feitas através da otimização dos sistemas de ventilação já existentes na estrutura dos edifícios. Eventualmente podem acontecer instalações de dispositivos que otimizam o fluxo da ventilação natural. Uma alternativa que pode ser explorada para melhorar o conforto térmico é a tecnologia de resfriamento evaporativo. Ele consiste na inserção de pequenas gotículas de água no ambiente que será ventilado. No entanto, para que ele funcione de forma adequada, é necessário considerar as condições climáticas do local.
A aplicação de janelas que ocupem parte da extensão da fachada também é um fator que pode contribuir, principalmente em edificações residências. Elas fazem com que a ventilação e a iluminação sejam mais bem distribuídas, não só na unidade habitacional como em todo o ambiente. É necessário que elas possuam área envidraçada e também uma ventilação maior que 50% da área do vão. E se possível, realizar a ventilação cruzada, que pode ser feita através da realização de duas aberturas no ambiente e nas áreas de circulação interna dos edifícios.
Aposta que deu certo
Atualmente o mercado imobiliário brasileiro aposta no retrofit. Incentivos criados pelo governo, como no Rio de Janeiro, que garantem isenção fiscal a empreendimentos sustentáveis fazem com que a cada dia a técnica seja implementada cada dia mais. Dados sugerem que imóveis que passam por retrofit podem custar 30% mais barato, facilitando a obtenção de estruturas mais econômicas. Além do uso em edifícios comerciais e residências, esta modernização pode ser aplicada em locais públicos.
Entre os inúmeros exemplos brasileiros, o Hospital Infantil Sabará, de São Paulo (SP), prova os benefícios do retrofit. Foi realizada a ampliação de um prédio de 5 andares, com 3 mil m², para um de 17 andares com 15 mil m², com o intuito de atender, por ano, 160 mil pacientes e realizar 10 mil operações. Através do processo de reformulação, foi implantado nos ambientes iluminação e ventilação natural, além do uso de sistema de climatização com reaproveitamento de energia térmica. Assim, seria racionado os materiais e reduzir custos e problemas ligados à hospitais referentes à climatização. Esta iniciativa fez com que o hospital alcançasse suas metas e garantisse melhor desempenho dos aparelhos de ar.
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